Ao celebrarmos os 500 anos da reforma capuchinha, que consideramos um sopro do Espírito Santo que chamou os frades menores daquele tempo a retornar à radicalidade do Evangelho com simplicidade, austeridade e ardor missionário. E nós, Frades Menores Missionários, somos convidados a olhar nossa própria história com reconhecimento e humildade. A mesma chama que reacendeu o coração daqueles irmãos na Itália, desejosos de recuperar a frescura das origens franciscanas, continua ecoando séculos depois, iluminando caminhos novos e fecundos na Igreja.
Foi dessa centelha que nasceu, quase 450 anos depois, o pequeno grupo de mais de 25 capuchinhos, homens formados, moldados e amadurecidos no seio da família capuchinha, que, movidos pelo mesmo desejo de fidelidade ao carisma e sensíveis aos apelos do Concílio Vaticano II, deram início ao nosso ramo dos Frades Menores Missionários, na Diocese de Ponta Grossa – PR. A eles, nossa profunda gratidão.
Não caminhamos como quem começa do zero, mas como quem recebeu um legado vivo, impregnado de fraternidade, oração, pobreza e missão. Somos herdeiros de uma tradição capuchinha que soube, com generosidade, formar, acompanhar e enviar irmãos que depois se tornariam semente de uma nova família franciscana.
Por isso, ao recordar este jubileu capuchinho, não o fazemos como espectadores distantes, mas como filhos que reconhecem no coração dessa reforma um pedaço de nossa própria identidade. Somos continuidade e novidade; memória agradecida e coragem profética. A reforma capuchinha nos ensina que toda autêntica renovação nasce de um retorno amoroso ao Evangelho e aos passos de São Francisco, e que toda nova fundação, quando brota da fidelidade ao Espírito, é sempre um dom para toda a Igreja. Não uma divisão, mas uma multiplicação dos ramos de uma mesma árvore genealógica: o Evangelho.
Acompanhamos a família capuchinha com nossas orações, respeito, fraternidade e comunhão. E que, seguindo o mesmo Espírito que moveu aqueles primeiros irmãos e os nossos primeiros frades, continuemos buscando a radicalidade franciscana, atualizada pelos apelos pastorais da Igreja do nosso tempo, para que o Evangelho seja anunciado com simplicidade, ardor e vida.
Em Francisco, uns aos outros nos saudemos, Paz e Bem!