Deus vive na cidade!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

O grande apelo da 57ª Assembléia Geral da CNBB ao revisar as DGAE (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora) será responder mais as demandas de uma pastoral urbana. Não basta pensar a Igreja na cidade, mas evangelizar a cidade como um todo, com suas lógicas, sonhos e desafios. As estruturas eclesiásticas e pastorais ainda são perpassadas de uma mentalidade rural que teima em enquadrar o posicionamento dos cristãos numa urbe.

Não formamos nem acompanhamos a evangelização da cidadania, e das culturas citadinas. Não influímos no traçado espiritual da cidade nas suas buscas profundas e na singularidade de suas memórias. Parece que o início do cristianismo claramente urbano desapareceu em nossa leitura atual de como atingir a alma da cidade onde moramos. Mas refletir sobre esta defasagem já é meio caminho andado pois mostra que temos clareza nas interrogantes apresentadas a nossa presença atual na cidade.

Mais, a evangelização inculturada não é processo neutro e pasteurizado, pensar a cidade a partir dos pobres, não dos centros ou núcleos palacianos, mas dos não citadinos, ou dos não integrados. Viver a cidade com a utopia da Nova Jerusalém a cidade de portas abertas e acolhedora de todas as pessoas, com um agora e um areópago inclusivo para a participação e intervenção das multidões.

Queremos uma humanização das cidades que as torne esposa de Cristo iluminada e preparada para celebrar o amor solidário e fraterno que seja sinal verdadeiro do Reino, cidades protetoras da vida, anunciadoras do direito à ser cidade como a cívitas amoris, a realização plena do sonho de Deus no meio urbano.

Nesta Assembléia Geral escolheremos a Nova Presidência da CNBB, num momento complexo e muito desafiador, que a nova liderança que será empossada, esteja a altura dos sinais dos tempos, guarde a memória profética, em plena comunhão com o Papa Francisco, testemunhando uma Igreja misericordiosa, servidora e comprometida com o Reino e com os pobres. Deus seja louvado!

Fonte: CNBB