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Celebrar 15 anos de sacerdócio é, antes de tudo, reconhecer a fidelidade de Deus que chama, sustenta e conduz. No coração da espiritualidade franciscana, o sacerdócio nunca foi compreendido como honra ou promoção, mas como serviço humilde, profundamente enraizado no mistério da Encarnação e da Eucaristia.

Para São Francisco de Assis, o sacerdote ocupava um lugar de veneração singular. Ele não via o padre a partir de seus méritos pessoais, mas a partir do mistério que suas mãos tocam: o Corpo e o Sangue do Senhor. Francisco chega a afirmar que, se encontrasse ao mesmo tempo um sacerdote e um anjo, saudaria primeiro o sacerdote, não por ser mais santo, mas porque somente ele pode dizer: “Isto é o meu Corpo”. Aqui está o núcleo do seu amor pelo sacerdócio: a Eucaristia como centro da vida da Igreja.

Ao mesmo tempo, Francisco nunca quis que seus frades se definissem pelo sacerdócio. A essência do carisma franciscano é ser frade, isto é, irmão menor, alguém que escolhe viver sem privilégios, em fraternidade, itinerância e pobreza evangélica. O frade é, antes de tudo, irmão entre irmãos, servidor do povo, próximo dos pobres e simples. O sacerdócio, quando presente na Ordem, não substitui essa identidade; ele a aprofundada e a qualifica como serviço.

Assim, na Ordem Franciscana, o sacerdote é chamado a viver uma dupla fidelidade:
fidelidade ao carisma da fraternidade e da minoridade, e fidelidade ao ministério sacerdotal, que o configura a Cristo Servo, Pastor e Eucaristia viva no meio do povo. O padre franciscano não está acima da fraternidade; ele preside servindo, santifica caminhando com os irmãos e anuncia o Evangelho com a própria vida.

Celebrar o sacerdócio de Frei Ernani, portanto, é reconhecer um ministério vivido à maneira de Francisco: com simplicidade, proximidade, escuta e doação. Quinze anos não são apenas um número, mas a memória de inúmeras Eucaristias celebradas, pecadores reconciliados, dores acolhidas, alegrias partilhadas e vidas tocadas pela graça.

E tudo isso ganha um significado ainda mais profundo nesta festa de Nossa Senhora de Guadalupe, a Mãe que se faz próxima, que fala a linguagem do povo e que revela um Deus que não domina, mas caminha com seus filhos. Sob o seu olhar materno, o sacerdócio floresce quando é vivido como dom, não como poder; como serviço, não como status; como fraternidade, não como isolamento.

Que estes 15 anos renovem em Frei Ernani a alegria do chamado, e em toda a comunidade, a gratidão por um sacerdote que, sendo frade, escolheu ser padre para amar, servir e partir o pão.