Maria e o Caminho de Santidade
No contexto do Evangelho de Lucas 1,26-38, somos apresentados a Maria, uma figura que se destaca como caminho de santidade e exemplar discipulado. Sua importância é ressaltada no âmbito da Casa de Israel e da linhagem de Jacó, sinalizando uma conexão profunda com a tradição sagrada.
Maria, a acolhedora dos desígnios de Deus, representa a escolha divina pelos pequenos, evidenciada pelo fato de Deus se manifestar em Nazaré, na periferia, e não em Jerusalém, o centro religioso. A relevância da casa é destacada, tornando-se o cenário do anúncio do precursor João Batista no templo e, contrastantemente, o local do anúncio do Salvador na Galileia Semipagã, são casas diferentes, uma religiosa, tida como casa de Deus, outra, uma possível cabana, simples, e nela irá viver e crescer o Salvador.
A virgindade de Maria, inicialmente considerada desprezível na época, revela-se como uma qualidade que Deus valoriza ao escolhê-la como mãe do Salvador. Este ato simboliza a quebra de barreiras, demonstrando que Deus transcende muros e paredes para se aproximar de seus filhos.
O diálogo entre Maria e o anjo não apenas ilustra a humildade da Virgem, mas também a sua ativa participação no plano divino. Ao questionar e buscar compreender como cumprir sua missão, Maria se torna modelo de discipulado, representando a capacidade das mulheres de colaborar na obra da redenção.
No novo testamento, especialmente no lar de Jesus, a figura feminina assume um papel central, destacando uma mudanç
a na concepção tradicional da família. Maria responde ao anjo de forma independente, sem consultar José, assumindo sua missão de maneira emancipada e proclamando: “Eis aqui a serva do Senhor”.
A reflexão se estende ao chamado dos consagrados, onde a ternura é ressaltada como elemento crucial. Assim como Deus se aproxima de nós para salvar da grosseria, a ternura é apontada como a chave para aliviar o sofrimento e para que aqueles consagrados à vida religiosa se tornem fonte de acolhimento, eliminando o medo e encorajando o diálogo.
Em última instância, Maria, a serva do Senhor, nos convida a refletir sobre a importância da humildade, da participação ativa na obra divina, e da ternura como meio de transformação e redenção. Sua jornada inspira um caminho de santidade e discipulado que transcende barreiras e impacta profundamente o mundo ao nosso redor.
(Reflexão do Retiro anual FMM em 2024 – Padre Aureliano de Moura Lima, SDM)